segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Dentro ou fora da vontade de Deus?

Nestes seis anos de experiência missionária, tenho ouvido e vivenciado muitas histórias missionárias e fatos que nos levam a uma reflexão maior.
Temos acompanhado através da imprensa e do nosso convívio notícias de amigos e companheiros da obra missionária que, por permissão de Deus, acabam partindo para o Senhor no campo missionário e o que é pior, em situações às vezes trágicas, como foi o caso de nosso amigo Edgar que em novembro passado teve sua vida ceifada no Timor Leste por um grupo de jovens que o apunhalaram no pescoço. Há poucos meses dois missionários sul-coreanos foram mortos no Afeganistão pela milícia Talibã. Outros partem em acidentes automobilísticos ou aéreos. Muitos missionários vão para trabalhar em locais epidêmicos e voltam contagiados com doenças tropicais entre outras. Creio que isto é a realidade de estar em um lugar de risco, seja dentro de um carro, avião, local de risco de guerras ou epidemias.
Quando me reporto à Bíblia Sagrada, encontro as respostas reais. A Bíblia em Mt.10:16 a 18, relata que o próprio Jesus já nos previne quanto às perseguições que teríamos no campo missionário, em Atos 6:5-9. Por acaso Estevão foi morto porque estava fora da vontade de Deus? E Paulo? Estariam estes servos do Senhor e grandes homens da Bíblia fora da vontade de Deus? Basta ler em 1ª Co 4:11-13, Paulo faz um desabafo e mostra a realidade daqueles que estão pregando o evangelho.
Parando para pensar, não é novidade um missionário ir trabalhar em uma área de conflito e sofrer um atentado ou estar coagido. Outras pessoas também morrem. Qual seria a novidade em um crente morrer em uma situação adversa? Para quem vive em uma área epidêmica não contrair uma doença? Entendemos que somos carne, somos gente e não super-heróis em nome da vontade de Deus. Ou será que somos superiores ao apóstolo Paulo, que aconselhou Timóteo a tomar um pouco de vinho devido a uma enfermidade no estômago? 1ª Tm.5:23.
Outros dizem que, se o missionário está passando necessidades financeiras e às vezes volta do campo prematuramente é porque estava fora da vontade de Deus. E os levitas que fugiram porque não havia recursos de manutenção. Basta ler em Ne. 13:10 que diz: “Também entendi que a parte dos levitas se lhes não dava, de maneira que os levitas e os cantores, que faziam a obra tinham cada um fugido para sua terra”. Imagine que para alguém chegar a ser levita não era de qualquer maneira, tinha todo um processo de escolha, preparo etc. Mas eles não tendo mais seu sustento, foram embora. Estavam fora da vontade de Deus? Eles eram a c ima de tudo homens, e precisavam se alimentar.
Há também aqueles que dizem que só vão para o campo se houver um chamado especifico para eles através de sonhos, profecias ou visões, temendo passar provações. Imagine, Neemias não teve este tipo de chamada, ouviu sobre a situação de Judá, foi para sua terra natal e fez um dos mais brilhantes trabalhos já registrados, Deus precisa de um disposto a ir.
Amados, não podemos ser crianças levadas por ventos de doutrinas onde não se aceita enfermidades, doenças ou qualquer outro tipo de tribulação. Estamos na terra e enquanto nela estivermos estaremos sujeitos às tribulações e provações que aqui existem. Uma coisa tenho aprendido: quando o missionário sai para o campo, não importa se lá ele morra, seja perseguido ou contaminado, o importante é sua convicção e o seu chamado. Deus cuida dele até no momento da morte, seja da maneira que for. Deus é o mais interessado para que seu nome se propague sobre a terra. Tenho sim, que respeitar a liderança quanto ao tempo de preparo, formação, recursos etc. Creio que isto não sendo respeitado o missionário poderá não colher bons frutos em seu ministério, pois faltando estas coisas poderá o missionário estar fora do tempo e da vontade de Deus.

Fonte: Jornal Paixão Pelas Almas (SEMIPA), n° 144 .

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